A crise dos governos
- frentebase
- 23 de ago. de 2017
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Os governos são diferentes e durante 13 anos vivemos no Brasil um governo de colaboração de classes. Esse modelo tem sua principal expressão iniciada na Rússia, em 1917, no processo da Revolução Russa. Havia uma enorme tensão social no país, as massas tinham derrubado o czar, organizado os sovietes[1], ocupado fábricas e latifúndios. Para conter as mobilizações, assumiu um Governo Provisório, composto pelos maiores partidos de esquerda da Rússia (os mencheviques e os socialistas-revolucionários), junto com a burguesia, consumando um governo de conciliação de classes, ou seja, formado entre representantes dos capitalistas e dos trabalhadores.
Mais tarde, a literatura marxista chamou de governos de Frente Popular, como foram os governos do PT no Brasil, do MAS de Evo Morales na Bolívia e o do PS de Bachelet no Chile. Trata-se, portanto, de um governo diferente dos governos tradicionais burgueses, que são compostos pelos setores da burguesia, os representantes do capitalismo.
No entanto, são governos que têm como objetivo administrar o capitalismo, , assim como os governos burgueses, ou seja, garantindo os interesses das burguesias. Quando os governos de conciliação de classes ou os governos do tipo nacionalistas burgueses (como o de Kirchner e o do chavista Maduro) perdem popularidade por aplicar a política neoliberal, vivem profundas crises e o imperialismo busca alternativas burguesas. Para tanto, descartam esses governos para compor novos governos burgueses, que possam seguir aplicando seus planos. Assim Lugo foi destituído no Paraguai, em uma manobra parlamentar em 2012 e, em 2013, o colorado Horácio Cartes ganhou a eleição. No Brasil foi Temer, pelo impeachment e na Argentina, Macri, pelas eleições.
Desta forma, o que vemos na América Latina é que as crises são frutos do desgaste dos governos devido à implementação dos planos neoliberais e à ruptura das massas com eles. Essa crise atinge os governos de todas as origens, como se vê na atual crise do México (tradicional governo de direita) e do Paraguai. Ou seja, a América Latina vive um acirramento da luta de classes, com uma forte polarização e instabilidade em países-chaves e não uma onda à direita.
Isso significa que, neste cenário de crise econômica internacional, está também o aumento da crise política, da instabilidade dos governos, das lutas em diversos países do mundo. É neste contexto que se localizam as crises dos governos, que se chocam com as massas ao aplicar a política neoliberal.
continuação da tese Direito não é mercadoria: o estado mínimo neoliberal Ver a tese completa
[1] Sovietes é o nome russo para conselhos de trabalhadores e camponeses. Esses conselhos foram criados em 1905, durante a primeira Greve Geral de trabalhadores, quando as fábricas de Petrogrado e as organizações sindicais enviaram delegados a um Comitê de Greve Central que foi chamado de Conselho dos Deputados dos Trabalhadores
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