UERJ: a barbárie chega às universidades
- frentebase
- 22 de ago. de 2017
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Marx escreveu que a saída para a classe trabalhadora é o socialismo ou então, viveremos na barbárie. A barbárie é a situação de podridão e degeneração social que o sistema capitalista nos leva. Os sucessivos planos de ajuste fiscal e os crescentes cortes de investimento no serviço público por parte dos Governos estaduais e de Dilma/Temer para pagar juros aos banqueiros estão levando justamente a este caminho. A ilustração é o colapso que vivem as Universidades Públicas.
Esta é uma realidade que foi levada ao extremo no Rio de Janeiro e UERJ, UENF e UEZO, as três estaduais do RJ, são emblemáticas, pois apontam o sentido que os governos e a burguesia querem que a educação pública superior.
O governador Pezão vem desferindo diversos ataques contra os servidores estaduais e contra a população fluminense. No momento em que essa tese é escrita, mais de 200 mil trabalhadores do serviço público estadual, aposentados e pensionistas estão sem salário desde o mês de abril e ainda não receberam o 13º salário referente ao ano de 2016. As poucas categorias do funcionalismo que recebem os salários tiveram seu calendário de pagamento atrasado em semanas e foram incorporadas no “pacote de maldades”, com o aumento da contribuição previdenciária, privatização rede de energia e saneamento básico do Estado (CEDAE), proibição de reajustes e concursos pelos próximos três anos, além da ameaça de retirada de benefícios e progressões.
Para combater esses ataques, os trabalhadores e trabalhadoras saem em luta. Na UERJ, os TAEs enfrentaram uma greve duríssima de seis meses em 2016 para tentar impedir a aprovação do pacote de maldades e uma série de ataques locais em cada universidade, como a entrega do Hospital Universitário (HU) a uma Organização Social de Saúde (OSS).
Em janeiro deste ano, os trabalhadores e trabalhadoras da UERJ voltam à greve contra o atraso cada vez maior de salários. Para além da falta de salários e 13o, Pezão não repassa verbas para manutenção e custeio da UERJ desde fins de 2015. Isso coloca terceirizados em situação ainda pior, que são vítimas de demissões em massa, recontratação com salários menores e com um efetivo menor. Os insumos para o funcionamento do HU estão sendo garantidos via arresto, um tipo de penhora judicial. Esta situação de caos aumenta o assédio moral e ameaça sobre os trabalhadores e as trabalhadoras. Os alunos estão sem nenhum tipo de bolsa, o que gerou uma evasão (na prática uma expulsão) em massa de alunos cotistas e negros no geral, e uma diminuição de cerca de 75% na procura pelo vestibular de dois anos pra cá.
Mesmo assim, os trabalhadores e trabalhadoras enfrentaram a direção atual do Sintuperj (CTB), que chegou a ficar um ano e meio sem fazer assembléias antes caos. Quando os atrasos de pagamento começaram em fins de 2015, e a UERJ, de conjunto, voltou a lutar. Numa tentativa de quebrar a resistência dos trabalhadores, Pezão chegou a anunciar a redução de 30% dos salários dos docentes (que sequer estavam em greve) na mesma semana em que cerca de 300 milhões de reais (desviados pela corrupção do governo onde ele foi vice) foram devolvidos ao estado. Ficou tão feio que foi obrigado a voltar atrás em menos de três dias, mas a crise da UERJ continua sendo um pólo de fragilidade para esse governo, sustentáculo fundamental de Temer.
Assim, o Governo de Pezão joga a crise nas costas dos trabalhadores mas não reduz os supersalários de seus Secretários. Esta situação que hoje vivem as estaduais do Rio, em que a UERJ é emblemática, reflete o caminho que está traçado também para outras estaduais, especialmente Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Uma situação que também coloca por um fio universidades federais, mas que se estende ao conjunto da classe trabalhadora brasileira.
continuação da tese Hospitais Universitários e a luta contra a EBSERH Ver a tese completa
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