Assédio moral: uma violência institucional
- frentebase
- 22 de ago. de 2017
- 3 min de leitura

O assédio moral é entendido como uma forma de violência no trabalho que expõe os trabalhadores e trabalhadoras a situações de humilhação e de constrangimento, de forma repetitiva e prolongada. Cabe destacar que o assédio moral não pode ser entendido sem localizá-lo na sociedade capitalista, uma vez que este sistema permite e utiliza o assédio moral a seu favor. Desta forma, é constantemente associado às práticas de “mercado” como pressões das empresas para se atingir altas metas, aumento da produtividade etc. Neste lógica, teoricamente não faria sentido às instituições públicas a prática do assédio, já que não visam o lucro.
No entanto, as instituições públicas passam por processos de profundos ataques e o desmonte de direitos e de condições de trabalho favorece estas práticas, fragilizando as relações de trabalho. Cientes dessa fragilidade, as Universidades passam a adotar uma política consciente e institucional de violência contra o trabalhador através da prática do assédio, inicialmente como forma de desmontar a organização dos trabalhadores. Na sequência, essa prática se legitimado por uma política de gestão antidemocrática, autoritária que é expressão do projeto de Universidade atrelado à lógica neoliberal de ataques constantes aos trabalhadores e trabalhadoras e de cerceamento de sua liberdade.
Por isso, o assédio moral existe nas instituições com a permissão das Reitorias que muitas vezes até estimulam, de maneira não oficial, estas práticas. Na maioria das Universidades, sequer existem políticas de combate e de prevenção ao assédio e, em geral, as vítimas não têm para onde recorrer. Diga-se de passagem que as universidades, em sua maioria, sequer reconhecem o assédio, invertendo o problema como se fosse pessoal e não institucional.
A falta de reconhecimento da prática do assédio moral e a culpabilização da vítima, faz com que os trabalhadores e trabalhadoras submetidos ao assédio não percebam o que passam. Com isso, as vítimas de assédio moral adoecem com sérios problemas psíquicos, os quais trazem uma série de complicações, como o desenvolvimento de quadros depressivos graves que levam suas vítimas a pedirem exoneração, a se afastarem por um longo período e, nos piores dos casos, ao suicídio. No entanto, algumas características podem ajudar a identificar estas práticas danosas à saúde dos trabalhadores e das trabalhadoras como o isolamento, a recusa da comunicação, a degradação intencional das condições de trabalho, o atentado contra a dignidade, a violência verbal, física e sexual.
Na conjuntura atual de desmonte dos serviços públicos, a tendência é que se intensifiquem as práticas de assédio moral. Uma prática que é especialmente dirigida aos setores mais oprimidos da sociedade como forma de ampliar a exploração. É por este motivo que as principais vítimas de assédio moral são as mulheres e também os trabalhadores e trabalhadoras terceirizados. Para enfrentar estes ataques a fim de avançarmos nas estratégias de combate e prevenção ao assédio moral, temos que fortalecer a unidade da classe trabalhadora, lutar pela defesa de ações que visem o combate e a prevenção à violência nas suas diversas formas dentro do ambiente de trabalho. Temos também que construir nos nossos sindicatos espaços que discutam essa questão, tema ainda pouco debatido e que gera muitas dúvidas.
Desta forma, o combate ao assédio moral deve se dar na luta dentro das instituições onde estamos e também nas lutas gerais do conjunto da classe trabalhadora. Deve também ser combinado com reivindicações de ampliem a qualidade de vida dos trabalhadores, melhorem as relações de trabalho e ampliem o atendimento e qualidade do serviço público, como mais contratações e luta pela jornada de 30 horas para todos, sem redução de salários.
continuação da tese 30 horas para todos, sem redução de salários Ver a tese completa
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