top of page

100 anos da Revolução Russa e da primeira Greve Geral do Brasil


Sem aprender com as experiências passadas, seria impossível pensar uma estratégia para as lutas do nosso século. A Revolução Russa é considerada um dos principais eventos para nós trabalhadores porque pela primeira vez na história a classe trabalhadora teve em suas mãos o poder de seu próprio destino. E, neste ano em que se completa o centenário dessa revolução, nos perguntamos: que lições nós podemos aprender com principal revolução do século passado?

A explosão da Revolução Russa, não foi planejada, tão pouco estava na agenda dos partidos políticos ou foi produto do “alto nível de conscientização” das massas. Ao contrário, explodiu com os protestos das operárias da indústria têxtil contra as precárias condições de trabalho (08 de março no nosso calendário) e se estendeu como um rastilho de pólvora. O Czar foi derrubado, pondo fim a 300 anos de monarquia dos Romanov. Para tentar estabilizar o regime, entra em cena o governo provisório, de conciliação de classes que mal conseguia manter o controle.

Os socialistas revolucionários defendiam que o país adotasse o caminho do desenvolvimento autônomo, enraizado no movimento operário e no marxismo. Conhecidos como bolcheviques tinham como principal direção Vladimir Lênin (1870-1924) e faziam oposição ao governo. A situação da vida fica cada vez pior e, também contra os impactos Primeira Guerra Mundial, as massas se levantam e os bolcheviques lideram a Revolução que tomou o poder em 25 de outubro[1] na chamada Revolução de Outubro.

Na sequência destes fatos, foi instalada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), professando o socialismo que inspirou gerações à esquerda no mundo todo. Lênin, com a saúde abalada, morreu apenas dois anos depois, sendo sucedido no comando da revolução por Josef Stálin (1878-1953). Depois do apogeu do poder soviético e do modelo socialista de organização econômica e social bem sucedido a partir de 1917, veio durante a Guerra Fria, período subsequente à Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O nazismo foi derrotado e junto com isso, muitas das conquistas trazidas com a Revolução também, que foram sendo substituídas por um governo operário degenerado, criando uma nova elite dos altos oficiais do Partido Comunista. Apoiados na teoria do socialismo em um só país, Stalin cometeu atrocidades, genocídio, perseguições e abriu caminho para a inevitável derrota da revolução social.

Uma situação que se sucedeu até que, em 1991, as contradições e a insustentabilidade política se intensificaram após a abertura econômica promovida por Mikhail Gorbatchov. A crise econômica da década de 90, associada às pressões separatistas levaram à dissolução da União Soviética. Todavia, seu legado é sentido até hoje.

Desta forma, fica de aprendizado destes anos da presença do socialismo, que tornou uma nação essencialmente feudal e agrícola em uma potência social, econômica e tecnológica em poucos anos. Neste sentido, é essencial resgatar como a classe operária conseguiu dar vazão ao processo revolucionário daqueles anos de triunfo.

No início do processo revolucionário, desde as bases renasciam os sovietes, conselhos populares que, na sua origem, serviam para organizar as mobilizações, mas também começaram a servir como um “novo poder”. Foi neste cenário que um pequeno partido político “radical” aumentou sua influência, propondo que, para satisfazer as necessidades do povo, os sovietes deveriam governar, a paz deveria vir no lugar da Guerra Mundial, as terras deveriam ser divididas para que a reforma agrária fosse efetivada e o pão deveria chegar a todos os lares. Nesta linha, defendiam que os operários deveriam controlar as fábricas e a economia, as nações oprimidas tinham direito à autodeterminação, a opressão contra as mulheres deveria acabar etc.

Assim, apreende-se que nenhum partido pode “forçar” uma situação e “provocar” uma revolução. Todavia, nenhuma convulsão social espontânea será vitoriosa se não existir um pólo organizador, que direcione essa luta para transformar a convulsão social em luta organizada pelo poder. Uma pauta que está mais presente do que nunca.

Com a crise do capitalismo, caminhamos para um verdadeiro colapso, produto do esgotamento dos recursos naturais e da destruição em grande escala da natureza. Desta situação surgem as resistências cada vez maiores da classe trabalhadora que é quem produz toda a riqueza das nações. Por isso, a Greve Geral impacta e foi assim também em 1917: há 100 anos foi realizada a primeira Greve Geral no Brasil, e agora se repete.

Temos sim que parar o país contra as ações que destroem o estado brasileiro e as contra reformas do Governo Temer. Se há cem anos os trabalhadores e trabalhadoras incorporaram as grandes lutas de 1917, como a Greve Geral do Brasil inspirada na Revolução Russa, este é o momento que nós, trabalhadores e trabalhadoras do serviço público temos que sair cada vez mais na defesa do que é público. Neste sentido, além de incorporar os anseios e as lutas dos TAEs, temos que buscar a unidade nas lutas com as outras categorias de trabalhadores e trabalhadoras.

Esta unidade deve estar assentada na estratégia de impulsionar a luta por uma sociedade que realmente tenha todos os serviços públicos para atender a classe trabalhadora, ou seja, uma sociedade socialista. Somente assim, poderemos garantir que nossos filhos e filhas tenham uma vida digna, que as crianças possam crescer e se desenvolver, que os jovens tenham direito à juventude e que todos trabalhadores e trabalhadoras tenham direito a envelhecer com dignidade. Este direito que neste momento está sendo duramente atacado pelo Governo Temer com a proposta de reforma da previdência.

[1] No então calendário adotado pela Rússia, o juliano, substituído depois pelo gregoriano, válido em todo o ocidente.

Comments


Frente Base - última atualização do site 2020

    bottom of page