Comunicação contra-hegemônica
- frentebase
- 22 de ago. de 2017
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A partir do século XIX, o modo de produção capitalista se consolidou em várias regiões do mundo, no qual o capital, as empresas, serviços e, dentre estes, a comunicação, cresceu e se desenvolveu com sucesso nesse período. Com o advento das fábricas e o crescimento da classe operária que tomou força e organização, a melhoria na comunicação se tornou necessidade para informar a nova demanda que surgia, principalmente à classe operária.
No Brasil, em meados do século anterior, aconteceu o desenvolvimento industrial gerando uma forte classe operária carente de informação e de seus veículos de comunicação para se contrapor aos dos empresários, pois até então, a hegemonia na informação se concentrava apenas nas mãos dos capitalistas que disseminavam suas ideias liberais, a partir de seus interesses de classe. No entanto, a comunicação dos trabalhadores iniciou sua reação através de jornais sindicais impressos distribuídos nas portas das fábricas em oposição ao pensamento liberal da burguesia industrial, principalmente.
A classe operária fabril em ascendência, em função do desenvolvimento industrial brasileiro, iniciou a compreensão e a prática dos ensinamentos de Lênin sobre a importância da imprensa operária na disputa da hegemonia com os inimigos de classe, a burguesia. Assim, em função da necessidade da comunicação para defesa dos interesses dos trabalhadores e, em especial os operários das fábricas, sugiram diversos jornais operários no interior dos sindicatos, principalmente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
De lá prá cá, a experiência com a comunicação contra-hegemônica exercida pelos sindicatos de luta tem se mostrado como importante ferramenta para defesa dos interesses dos trabalhadores na contra-ideia patronal que visa única e exclusivamente explorar nossa classe. A comunicação da burguesia e das classes dominantes no dia-a-dia, contra-informa e falseia a realidade para poder dominar e nos explorar. Ao contrário, a nossa comunicação, da classe trabalhadora e dos movimentos sociais deve cumprir um papel decisivo na defesa dos nossos interesses de classe, enquanto explorados, exercitando a contra-hegemonia através dos nossos veículos de comunicação. Nesse campo contra-hegemônico, a nossa comunicação se expressa com um caráter de classe e confrontação, quando reconhece a disputa entres as classe sociais na luta direta contra o capitalismo, denunciando a mídia dos nossos inimigos como instrumento a serviço das elites. Essa mídia burguesa que, nas coberturas jornalísticas dos movimentos sociais, aborda questões sociais com superficialidade quando é de interesse dos trabalhadores e mostra apenas um lado da notícia, ou seja, o lado que interessa à burguesia. Ao mesmo tempo, produz matérias em seus veículos de comunicação com personagens ganhando maior ou menor dimensão, sempre de acordo com os interesses da classe a que eles pertencem e representam, pautando matérias civilizatórias, como: ética, justiça, igualdade social etc.
Assim, na luta pela disputa da hegemonia da comunicação a favor da classe trabalhadora, vemos cada vez mais a necessidade de reafirmar o classismo. Isto porque as empresas de comunicação e seus veículos estão comprometidos diretamente com os políticos profissionais da burguesia e existe uma enorme concentração da propriedade (concessão) de veículos de comunicação nas mãos dessas elites oligárquicas com famílias que detêm os poderes tanto político como da comunicação e econômico. Esses políticos-proprietários de empresas de comunicação utilizam seus veículos para se perpetuarem no poder do Estado, manipulando a informação de acordo com sua conveniência e interesse, fazendo com que a mídia funcione como instrumento de poder, com a conivência do executivo, judiciário e do congresso nacional brasileiro.
Tudo isso teve maior destaque a partir dos governos da ditadura militar, principalmente no governo do ditador e general João Batista de Figueiredo, que aumentou substancialmente o número de permissões para concessão de rádios e TVs. Para se ter uma idéia, nos governos militares, entre 1934 e 1979, foram autorizadas 1483 concessões de empresas de rádio e TV para funcionar sob o controle dos políticos e oligarcas regionais sendo somente no governo Figueiredo (1979 – 1985) 634 concessões e no governo Sarney (1985 – 1988) 1028 concessões, contra apenas 120 concessões no governo Collor (1990 – 1992).
Mesmo tendo em vista que a classe trabalhadora brasileira através de seus organismos, como sindicatos, federações, confederações, centrais sindicais, movimentos sociais e partidos políticos de esquerda venha lutando pela hegemonia da comunicação, leva desvantagem nessa disputa contra-hegemônica em função do poder econômico e político estarem nas mãos da burguesia. Por isso, que se faz necessário a luta direta pela hegemonia da comunicação sob o controle dos trabalhadores, com a expropriação sem indenização das empresas de comunicação. No entanto, isso passa por um governo socialista, forjado na luta dos trabalhadores e que governe com conselhos populares.
Este é o ponto inicial que desdobra os planos de lutas que apresentamos para a FASUBRA.
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