
NOSSAS VIDAS ESTÃO ACIMA DOS LUCROS: FORTALECER OS HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS
- José Melo
- 28 de mai. de 2020
- 4 min de leitura

A pandemia reforça a importância dos Hospitais Universitários no país, mostrando que a falta de investimentos públicos e a EBSERH são entraves para a integração da ciência e tecnologia como apoio para salvar vidas.
Os Hospitais Universitários (HUs) são parte integrada da rede pública de saúde do SUS. São unidades de tratamento para situações de média e alta complexidade. Sua vocação é o uso do conhecimento acadêmico, da ciência e tecnologia para, de maneira integrada, no campo da saúde ser uma interssecção entre ensino, pesquisa e extensão.
Na prática, isto significa que o atendimento à população deveria ser de qualidade, atingindo a população mais desassistida com profissionais de excelência, com um campo tecnológico e toda a ciência a favor da população. Ocorre que este modelo de hospital vem sendo altamente sucateado e seu propósito desorganizado.
Através da lógica da privatização, o governo do PT mudou a gestão dos hospitais, permitindo a entrada de uma empresa estranha ao ambiente acadêmico para administrar os HUs. Esta é a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que atua sob a lógica de uma empresa privada e não como o direito à saúde da população.
A EBSERH foi implantada em vários hospitais universitários federais, modelos semelhantes às Organizações Sociais de Saúde (OSS) que atuam em outras unidades de saúde. Embora a EBSERH não seja aplicado nos hospitais universitários das redes de ensino estadual, o sucateamento e falta de investimentos dos governos estaduais é semelhante.
Por isso, hoje no país, toda a rede pública de saúde sofre com problemas com os mesmos problemas, como a falta de EPIs, desorganização do trabalho para atendimento à pandemia, falta de trabalhadores etc. O colapso da saúde por conta da pandemia tem se ampliado pelo país. No entanto, é possível reverter esse quadro caótico com organização dos trabalhadores, tanto para reivindicar equipamentos como também para cobrar dos governos mais investimentos.
Isto tem se visto na prática através de diversas iniciativas da comunidade acadêmica em todos os setores do conhecimento, que utilizam seus saberes atuando em redes de apoio e combate à pandemia. Os estudos, a pesquisa e extensão universitária dão um giro para apresentar propostas e políticas que realmente possam salvar vidas. Da mesma maneira, a ação cotidiana de cada trabalhador, tanto os que estão na linha de frente como os que atuam no suporte, geram conhecimentos e ações que garantem esse trabalho de excelência.
Porém, todo esse conhecimento e essa produção de experiência que tem se dado cotidianamente não é ouvida ou considerada pelos prefeitos, governadores e pelo presidente. Bolsonaro, na contramão do que apontam os estudos, pressiona para o fim do isolamento quando era necessário um verdadeiro lockdown. Da mesma maneira imprudente e genocida, o presidente insiste na aplicação de um medicamento que (cloroquina) que comprovadamente tem efeitos colaterais severos e não é o tratamento adequado para a COVID-19.
Bolsonaro defende o que chamam de imunidade de grupo ou darwinismo social. Uma política assassina e genocida que deixa com que milhares sejam mortos e somente um grupo seleto seria “salvo”. Justifica seu discurso em nome da “economia” porque os “CNPJs” não podem morrer. Com isso, não paga direito os míseros R$ 600 à população que precisa, retira vários trabalhadores e trabalhadoras da possibilidade de receber o auxílio, empurrando cada vez mais a classe trabalhadora para o desespero.
Esta política de pressão de retorno ao trabalho pela necessidade objetiva das pessoas de terem dinheiro para comer, para viver aprofunda a crise do país. Hoje, a crise econômica é combinada com a crise sanitária e política no Brasil, enquanto dezenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras estão morrendo. O crescimento do número de mortes e infectados assusta o mundo, subindo a cada dia, mesmo tendo uma subnotificação gigantesca.
Estudos apontam que a subnotificação gira em torno de 5 a 26 vezes, sugerindo que uma média é de que para cada caso contabilizado, tenham pelo menos mais 15 não notificados. Ou seja, se em 18 de maio haviam contabilizados mais de 16 mil mortes, este número real ultrapassa 200 mil. Outro estudo revela ainda que se for mantida a taxa de contaminação atual, somente no estado de SP serão mais de 53mil novos infectados por dia, com cerca de 2,5 mil óbitos diários no final de junho.
Não à toa, o presidente Bolsonaro desdenha toda a ciência. Suas falas a ações públicas, as medidas de seu governo, vão na contramão de todos os estudos, de todos os dados e das pesquisas, fortalecendo sua campanha de matança geral da população.
Por este motivo, a campanha pelo Fora Bolsonaro e Mourão é crescente no país. Nossas vidas importam! Todas as vidas importam!
Para lutar contra a disseminação das informações inverídicas, contra a falta de investimentos, por políticas públicas para salvar nossas vidas, garantia de EPIs e todas as medidas necessárias para o enfrentamento à pandemia, é necessária a nossa auto-organização. A Frente Base estimula a auto-organização dos trabalhadores como forma de ampliar a pressão e de fazer com os próprios trabalhadores reflitam sobre as necessidades imediatas e sua contribuição para esse processo. Além de questionar as medidas impostas pelos governos, todos os trabalhadores e trabalhadoras podem cumprir um papel fundamental para salvar as vidas nesse momento de pandemia.
Por isso, a reflexão que a Frente Base leva sobre a saúde é do seu papel de, através da pandemia, que a classe trabalhadora se organize, pense e apresente alternativas para essa crise. Nesse sentido, é preciso aprofundar que este combate à pandemia seja intensificado pelo combate ao capitalismo. Nossas vidas estão acima dos lucros e devemos lutar para construir uma sociedade socialista!
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